Do dente a cloud - transição de carreira

A um pouco mais de um ano resolvi largar a odontologia após 12 anos de formada, com especialização em endodnontia (canal) e me dedicar a transição de carreira para a área de ti (devops). Os principais fatores que levam a realizar a transição de carreira é a falta de perspectiva na carreira, falta de proposito, motivação e até mesmo fatores externos. Com o surgimento da pandemia os valores pessoais foram reavaliados e segundo a Forbes em 2022, 53% dos entrevistados, de várias áreas do mercado de trabalho, perderam o interesse pela atividade que desempenharam durante o isolamento. O que não foi diferente para mim. Me vi saindo de casa, colocando as pessoas que mais amo em risco de contrair uma doença, até então desconhecida, e me deparava com paciente e profissionais extremamente focados na aparência. A busca pela estética perfeita me assustou em um momento em que buscava o bem estar dos meus e dos próprios paciente. Eu que me foquei em solução da dor (uma das piores dores descritas, a famigerada por de dente) me vejo em meio a uma onda de harmonização facial. É necessária muita dedicação e o apoio. É viver o processo e entender que altos e baixos existem, é ter a consciência de não se pular etapas. É um recomeço em um momento em que todos esperam estabilidade. Dos 53% (citados a cima) apenas 45% se sentem seguros para realizar a mudança de carreira. Sou mãe de 3 pessoinhas lindas que demandam muita atenção. Um dos meus filhos é autista e precisa de um ambiente controlado e viver o caos da transição de carreira mexe muito com quem está fazendo mas também com todos em torno. Os contornos familiares precisam ser reestruturados, financeiramente e emocionalmente. Algo que ninguém quer ouvir nesse mundo imediatista que vivemos é: tenha paciência. Mas esse é o sinônimo que deve ser utilizado em uma transição de carreira. Profissionais que estão realizando esse processo tendem a procurar a área da TI porque ela apresenta avanços tecnológicos constante, com fácil acesso a essas informações e com apostas promissoras para o futuro. Cursos, booticamps, podcast gratuitos são um sonho para quem pagava 5 mil reais em um final de semana de curso básico, na odontologia. Mas como realizar esse processo? Busque informações sobre a área pretendida, converse com quem já atua na área. Comece pelos cursos básicos, um passo por vez. Não saia a caça de vagas sem os conhecimentos básicos, ter pelo menos iniciado o processo de estudos na área. A busca ou será infrutífera ou quando bem sucedida as dificuldades do cargo irá criar uma sobrecarrega pois será necessário buscar muito conhecimento para a realização de tarefas básicas e o ciclo de frustração volta a se fechar, tendo depois de pouquíssimo tempo o retorno de todos os motivos que fizeram começar a transição de carreira. A atualização de suas redes como Linkedin e Github é muito importante, o mercado precisa saber do seu processo. Siga as empresas que se tem interesse em candidatar e preparasse para aquele nicho. Ao muito importante é: Não vamos romantizar e falar que é um processo fácil, sair da zona de conforto e ter que recomeçar, muitas vezes do zero, o que foi o meu caso, não foi e não tem sido fácil, mas é possível. Egos precisam ser deixados de lado, vir de uma carreira onde desfrutava de certos prestígios não é motivo para estar acima de ninguém. Esteja ciente de o recomeço significa começar de baixo, seguir uma nova trilha. Mas valorize tudo que a carreira anterior trouxe de bom, grande parte das softskills são aproveitadas. Trace objetivos, estude, se dedique. E no final, curta a viagem, viva seu processo.

Hoje posso dizer que sai de um relacionamento toxico com a Odontologia e me vejo criando laços com uma nova profissão. Sou trainee de uma empresa de consultoria, a Jack Experts onde todos conhecem meus caminhos trilhados, onde cada passo dado é valorizado. Onde hoje vivo um relacionamento saudável comigo e com o que faço.

Speaker

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Stephanie Chaia Bartels

 
Mãe (de pessoinhas e pets), ex-dentista, ex loira odonto, hoje podendo exibir todas as minhas tatuagens e piercings, trainee da empresa de consultoria Jack Experts. Aos 38 anos descobrindo que nunca é tarde.